27 dezembro 2013

E quando, Mar?


Às vezes deixo, às vezes percebo, 

Às vezes desdobro, às vezes sobro, 


Às vezes pinta, às vezes pintamos, 


Às vezes ronca, às vezes roncamos, 


Às vezes dança, às vezes tocamos, 

Às vezes mia, às vezes urramos, 

Às vezes nem sei, às vezes não solto, 


Deixei de saber, as vezes que foram; 


E quando não foi, era tão mais vazio, 


E quando era, foi tão mais vadio; 


Porque às vezes, ela vinha pra ficar. 


E ele, ficava a esperar...

16 novembro 2013

Diferenciações

Seja arte,
Seja amor,
Seja liberdade.

Tenha respeito,
Tenha noção,
Tenha opinião,

E não,
Não confunda
Ter e ser.

Seja honesto,
Ou não.
Quem responderá por isso,
Será unicamente você.

E mentir nem sempre é feio,
Talvez seja gentil.
E o mar também é quente,
Quando bem acompanhado.

Terás e serás maior do que pensas,
Menor que sonhas.
Acredite nos olhos,
E menos em palavras.

Sinta,
Venha;
Conte,
Escute;
Cante,
Dance;

Porque é só você,

Que pode fazer por você mesmo.

12 novembro 2013

.Tchê

     Não que venha ao caso a menção do sentido do apelido, que obviamente todos sabem, mas pela conotação do próprio indivíduo quando chamado assim, porque esse era um apelido que pessoas de um só lugar conheciam, que pessoas são sempre lembradas pelo apelido dado, e que algumas delas também lembram. Umas de coisas boas, outras nem tão boas assim, mas é devida a lembrança, porque sem dúvida, o referente ainda não mudou nem mesmo seu e-mail, foi a fase mais derivada que conheceu.
     É tão gostoso quando se faz jus àquelas memórias, é regalo de saudade, mas o mais incrível desse sentimento, ele não se aplica especificamente, é exatamente de um todo, mas de um todo que já morreu. Pensamento triste, talvez, mas não, foi o ciclo mais bonito, a etimologia de tudo, foi ali que passou a enxergar tudo aquilo de uma maneira diferente, era mais pesado, mais autêntico, mas de possível universo, difícil, mas era de gigantescas possibilidades o meio em que vivemos. A sociedade é muito díspar, muito "afastante", desigual, mas é tão sofisticado sentir-se em casa, e o mais impressionante, é quando nos sentimos assim, sem que seja a nossa casa. As recordações são as melhores coisas que a vida dá, depois que tudo o que você almeja foi conquistado, depois que tudo o que você almeja foi perdido, entre os momentos de calma, e aqueles nada calmos que temos, são somente elas que vão nos acalmar, nos focar, nos distinguir, amenizar. Se fossemos derivar cada uma das reminiscências, faltariam adjetivos, mudariam, deixariam de ser, cresceriam, é muito maluca uma memória, porque nela, ninguém mais viu como você viu, não tem como explicar qualquer sentido, porque mesmo se tentassem, não teriam como saber aquilo o que foi absorvido por você.
     Se um combinado deixar de ser lembrado, morreu. Não adianta alguém que tenha visto, tentar determinar, fixar algo como uma anotação, é singular aquilo e porque a decisão foi tomada. É desordenada uma definição não-entendida e não-assumida, faz-se desorientadamente tudo aquilo o que não "se sente", entendem?
     É uma terra onde o carnaval é lindo, as praias são maravilhosas, mas não é essa a alusão, me refiro às pessoas de lá. Aos sempre engraçados, originais e autênticos seres-humanos que certamente conhecerão por lá.

10 novembro 2013

Eles

Ele escrevia da saudade,

Ele escrevia do silêncio,
Ele escrevia sem-sentido;

Ele escrevia suas verdades.
Ele ia escrevendo;

Das paroxítonas,
Dos pontos-de-vista.

Porém,
Nunca soube escrever realmente,

Nem mesmo quando escrevia-escrevia,
Via sentido,

Naquilo que escreveu.

03 outubro 2013

Suma, importância.

     Vejo de uma forma meio paradoxal essas coisas na internet: blá blá blá é um momento de filtrar as emoções. Filtrar, mas filtrar por quê? Seria como um diálogo próprio. Se a ordem fosse filtrar emoções, não morreria de saudade, de afinidade, de estado, de espírito, de correspondência, ou de país. Filtrar as emoções seria como diminuí-las. Não sei a ênfase, mas me perece linear a ideia de diminuição, e diminuir também é lembrar, não acham?
     Acho supervalorização uma ideia de não pensar naquilo, só executar determinada tarefa, aquilo em que você realiza, só, entendem? Me parece exagero uma obrigatoriedade não definida por si, seja ela qual for, isso teria que, simplesmente, vir, não?
     "Um cronograma, é assim." Não sei se vocês compreendem, mas é como desenhar uma linha reta pra alguém que mal se lembra como andar, e mandá-lo ir "sobre a linha", subestimação de uma capacidade ou definição de um determinado mandamento, pleonasmo. Qual a indefinição de quem unicamente, não deseja ser comandado por alguém? "Faça isso", "faça aquilo", "faça aquilo outro", daqui a pouco, depois de fazer exatamente aquilo que pediam, ele olhou e pensou, "mas por quê?" E decidiu andar não conforme a música que todos escutavam, mas aquela que quase ninguém podia ouvir. E foi dançando, cantarolando, e sentou-se, à frente daquele grupo de médicos, e pesou-se, na balança à esquerda, e riu, e voltou, e quando perguntado falou: tipo, vocês realmente acham que eu seria chamado de "normal" por vocês?

10 setembro 2013

Regurgitar


Lembre-se de que sinto a coisa mais assustadora por ti...
Talvez com diferentes obviedades e definições,
Mas é assim,
Exatamente assim.
Tu me enlouquece,
E parece fazer total sentido pra mim,
Na cama, nas conversas, me sinto único, mesmo sem ser,
Tu é a coisa mais gostosa,
Mais carinhosa, e mais sincera,
Que já conheci, e experimentei.


Tu, e só tu.

Tens a liberdade que quiseres,
Quando quiseres,
Sempre que quiseres,
Desgostar do que quiseres,
Gostar daquilo que te faças bem.
Me fez perceber que se não for contigo,
Não será com mais ninguém.


Porque sou assim, bem assim, e gosto,

De que seja exatamente assim,
Sem quaisquer definições sobre ti,
E só de ti.
Não me escondo, não me calo,
Eu grito.


Grito,

Te olho nos olhos, tão perto te sinto,
Te mordo, te beijo,
Devaneado.


E o mais fascinante,

Sem qualquer necessidade de explicação de um porquê.


29 agosto 2013

Quando o não


Quando o não quer dizer sim, 
Quando o não é dissimulatório,
Quando é afável,
Quando é desejável.
Quando não é pouco,
Quando não é descrição,

Não.

Não nem sempre é não,
O não é a forma de dizer,
O não é interlocução,
É entendimento,
Talvez persuasão.
Não, é como tocar,
Com os próprios lábios,

Não, é sentir.

Desprenda-se,
Compreenda-se,
Nem sempre o não é não.
Ele é formatação,
É contemplação,
Sem definição,
É a sensação...

17 agosto 2013

Destempero temperado


     Bom dia, ou boa tarde, ou boa noite.

     Aprendemos a nossa forma de expressão, difícil a limitação de quem não entende um exemplo, de quem não têm a compreensão de ouvir, quem se mantém ocupado demais e não pode perceber o mundo que o envolve, controle-se, mas isso é demonstração de uma limitação sempre amarga e fria, não fique efetivamente dentro do seu mundo, e não perca a capacidade de ouvir, "gentileza gera gentileza", má-educação gera má-educação...
     "Não chore pelo leite derramado", evite que ele se derrame, mas se ainda assim isso acontecer, aprenda, com humildade, a respeitar todos os acontecimentos da sua vida, eles são imutáveis, de olhos adiante, de semblante definido, aquilo o que já aconteceu, não pode ser mudado.
     Não se limite, não se defina, não deixe de fazer algo que veio a sua mente, não abra-mão de conversar consigo mesmo, não deixe de ler bons livros, não deixe de caminhar, não deixe ver o pôr-do-sol, não deixe de ouvir às pessoas, não pense saber mais do que alguém, não deixe de constatar os seus erros, nem de admiti-los, não deixe de ouvir boa música, não pense em conhecer gente ruim, eles podem estar mais perto do que você pensa, não deixe de tentar, não faça manha, não minta.
     Valorizar é o segredo, iniciativa é a necessidade.
     Tenha fé, defina-a se assim quiser, ou não, mas não deixe de acreditar em alguma coisa.
     Respeite aquilo do que você desgosta, a liberdade existe pra todos.
     Tenha em mente que tudo o que você passar, alguém pode ter passado também, ou talvez ainda pior, e cuidado ao invadir os sentimentos de quem quer que seja.
Resuma significados, simplifique.
     Conheça o frio, conheça o calor, mas saiba, tem frios muito frios e calores muito calores. Jogue, dance, beije, cuide, perceba e aprenda, antes de voar.

19 julho 2013

Dividendo

De todas as qualidades,
Sorrisos.
De todas as irritações,
Caras feias.
De todas os demonstrações,
Prosseguimentos.
A todos, e mais todos,
Educação.

Falta só faz,

Aquilo que já teve alguns sorrisos.
Nem sempre caras feias,
São desgostos.
Prosseguir,
É acreditar realmente naquilo pelo qual se propõe.
Não há nada mais refinado,
Do que educação.

Educada, pró-segura, tarimbada e sorridente.

Atenção,
Simplicidade,
Foco,
E civilidade.


Entende?


15 julho 2013

Felicidade


Raro sentimento eloquente de plenitude que faz sentido unicamente a quem o sente.


Foi assim:


Ele (mensagem de celular por volta das 5 hs. da manhã):

- Pensei e vi, é melhor tu te endireitar e ficar longe.

Ela (resposta dela, por volta das 8 hs.):

- Se a gente não pode ficar junto, é melhor que seja assim.

Ele (8:01 hs.):

- Não daríamos certo juntos, gosto de mulheres que valorizem a pessoa com quem estão junto e não só suas próprias vontades. Tu cuida das pessoas mais por sentir-se sozinha algumas vezes.

Ela (8:07 hs.):

- Estou sozinha porque quero, mas se é isso o que tu realmente pensa de mim, seria melhor me afastar mesmo... E eu não consigo prever as coisas, parabéns se tu consegue!

Ele (8:08 hs.):

- Eu sei que tu está sozinha porque quer, mas porque ele nunca te deu a atenção que tu queria e que merecia! Tu não quer alguém que possa te ver uma vez por semana, tu quer atenção, tu quer ser cheirada todos os dias, ser beijada todos os dias, ser chupada todos os dias...

Ela (8:09 hs.):

- Realmente não ganhei a atenção que queria, a carência está grande mesmo, e quem não gostaria disso todos os dias? Seria ótimo se tivesse, ao dormir, ao acordar, recebendo e dando carinho, beijos, chupadas... Talvez eu esteja dizendo isso pela carência mesmo, mas seria bom.

Ele (8:10 hs.):

- Eu te veria, te cheiraria, te beijaria, te chuparia todos os dias! Tu vais ter uma filha, não vais perder as pernas, tens que cuidar dela sim, mas todos precisamos de cuidados. Tu vai precisar de um colo, de um cheiro, vai precisar de cuidados também, e tu é chata em relação a te sentir quista, mas bem gostosa, bem cheirosa...

Ela (8:11 hs.):

- Seria ótimo se tivesse isso de ti, mas não estou te pedindo nada, fique tranquilo... E obrigada pelo gostosa e cheirosa, isso quer dizer que já passei do "inha" haha... E o que é quista?? hehehe :P

Ele (8:17 hs.):

- Tempo verbal do verbo querer, eu te quero, estás sendo "quista" por mim.

Ela (8:18 hs.):

- Ah, entendi! Gosto da tua inteligência, de aprender contigo. Tu é lindo, maravilhoso, qualquer pessoa adoraria receber os teus cuidados, o teu amor... Tu farias qualquer mulher feliz, tenho certeza.

Ele (10:34 hs.):

- Qualquer uma, menos uma? Porque a que eu quero é você.

Ela (10:42 hs.):

(Bate à campainha dele.)

Ele (10:43 hs.):

(Escuta a campainha sendo batida.
Abre a porta, e ri;)

Foi assim, mas sem um fim, porque ainda não teve.


01 julho 2013

Desvairasse

Desconsolado;

Entre peculiares desgostos, 
Vivia ele, 
Dolorido, 
Talvez também sobre si mesmo.

Desbravado;


Temeroso,
Solto, Alienado,
Assustado, Remexido,
Envelhecido, Abismado.

Desnudo;


Até vestido,
Sentia-se descrente,
Perdido, não-polido,
Despreparado.

Destemperado,

Desvairado,
Descorrente,
Desolado,
Desnaturado.

Indiscreto,

Inapropriado,
Intolerante,
Insustentável...
Inapropriado de si.

18 junho 2013

Quentes ares de inverno


Nem só,
Nunca só,
Vento nu.

Conjuga,
Baixinho,
Quase nem se percebe,

E quando forte,
Sacode, 
Tudo o que se junta ao chão.

Cifrão,
Ao som,
Do trepidar dos ventos.

Assustado,
Me escondo,
Tremo,

Venta, chove, sacode,
Que medo 
De ir lá fora dançar.

05 junho 2013

Clarividência


Opaco, sombrio, desnaturado e frio.
Acordado. Revirava e revirava na cama, solto nos pensamentos, mas ainda com medo de se soltar. Seria um desprazer natural...
Jus à finda época divergente de certa expansão cognitiva, Wágner nem se lembra de alguns amigos que teve, de alguns amores que passaram... "Nem a mais sórdida liberdade, é livre da sociedade": disse sua avó, a uns vinte, vinte e cinco anos atrás, achava ele sem qualquer certeza. Ele nunca esqueceu das caras, que se assemelhavam, em alguns aspectos, aquelas de representantes daquele governo antigo, assassino, discriminatório, divergente, que não dava liberdade a seu povo, nem lutava, combatia, exclusivamente, para o seu próprio bem, queria um povo pobre, burro e sem expectativa, referencia ele, a época da ditadura militar no Brasil. E aqueles rostos, de algumas daquelas pessoas, que nem mais como conhecidos ele descrevia. Não que não sentisse falta, mas que aprendeu a não mantê-la. Tudo o que lhe deixaram, foi falta, mesmo que pelo segundo em que lembrava-os. Passou a não sentir mais as suas faltas, mas falta de caráter, de hombridade, um ilogismo pragmático, que Wágner não conseguia esquecer.
Não sabia mais os senos, cossenos ou tangentes... Dialogava consigo mesmo querendo definições, não entendia. Nem sequer pessoalizava a ideia de ainda inerte conter estímulos, sofria o vazio do marasmo. Não queria gritar, talvez nem soubesse como reagir frente a si mesmo. Morria, a todos os dias, se perdia, e não voltava a se encontrar. Revia fotos, bebia vinho, sentia uma dose de discernimento, com algumas daquelas antigas relações, importava-se. "Se você discerni, não ama", alguém o disse, talvez também tenha sido sua avó, disso ele não lembrava exatamente. Wágner repleto de distorções mentais, um coma acordado consciente. Más ideias repatriavam em seus pensamentos, mas o mais estranho, não chorara. Entristecia-se, repleto de causas, entretanto não lembrava exatamente dos porquês. E aquela provavelmente tenha a sido a experiência mais caótica de representatividade peculiar. Uma dor, pequena e controlável, que não o assustava, que o fazia sentir o respeito necessário, mas que ainda assim, doía. Vivia ele com desejos abnegados, com imaturidade de quereres exagerados, com sensações calcadas de uma espécie de desejar um passado diferente, que certamente consistia em um presente diferente.
Por que correr, se ele mal conseguia caminhar? Mas desejava voar! Queria ter sido cuidado por alguém, respeitado por todos, e definitivamente, não subestimado por alguns. Fica, fica quieto, espera a certeza de quê caminho seguir, e talvez morresse triste nesse sentido, nunca sabendo.
Os desejos, a saudade, a confusão aparente, a indecisão consciente, tudo era tão solto em sua mente.
Desconhecia o medo, mas possivelmente era isso que sentia. Feliz por tudo o que os seus afastamentos o trouxeram, todavia solto e temeroso sob-aquilo que dentro de si próprio ainda virá.
Mexe-se na cama outra vez, já fazem algumas horas que acordou, mas não se levanta. 
Fica ali a pensar. 
Opaco, sombrio, desnaturado e frio.

09 maio 2013

Indefinição definida


Tenro e nu, 
Sem um porquê definido,
Sem exatidão.

Seria como descrever, 
Sua própria definição abstrata 
Do algo definitivamente indefinível.

O amor não tem um porquê.
Ele é.
É amor... 
Crua e simplesmente.

Sem causo,
É o acaso.
Sem enraivecer,
É só querer.

É como compor,
Com muito fervor,
É como definir uma cor,
Ela é, 
Porque é...

Os atos dizem,
As falas multiplicam-se,

E tudo parece conspirar,
Intocavelmente,
Surpreendentemente.
Eloquentemente,
Os olhos parecem definir,

E descrevem, 
A maneira de dançar.

15 abril 2013

Cognição

Do jeito de olhar,
Sorrir,
Dançar.

Faz a cabeça se perder,
O coração,
A mente voar,

Ergue todos os sentidos,

Perde-se a forma de analisar,
Ganha-se a de gritar.

Onde o desejo,
É desejar.

Com mais-e-mais,
Com o simples medo,
De não mais ser,

Alguém se lembra como é se apaixonar?

14 abril 2013

O povo

O povo agita suas bandeiras, grita e cuida daqueles que são seus. Isso é humanidade?
O povo alegre nas contradições mensaleiras, no PT, que faz desse um país revolucionário dentro dele mesmo. Onde o PSDB, partido que se julga melhor que os outros, roubou o equivalente, em um de seus roubos, setenta vezes, eu disse setenta vezes, o valor pragmatizado no governo petista. 
Um povo que não é o meu, não por ser brasileiro, mas por interesse, pela dissidência, pela contrariedade, pela despolitização, pela pseudo-felicidade.
Certo é encorajar uma ideia, defendê-la se assim for parcimonioso, no consenso geral... O brasileiro não defende uma ideia, só aquelas que trazem benefícios, onde o fim pouco importa, o que importa são os benefícios reais até lá. Um povo vazio, que defende unicamente o que lhe faz bem e que não tem deveras princípios pelos quais lutar. Olhamos e falamos o que muitas vezes nem vemos, mas ouvimos falarem. O balançar de cabeças é livre, assim como a liberdade que muitos dizem ter, ou como o desprendimento, ou como o pseudo-entendimento de algo que se diz. O Brasil sempre foi rico, mas avassalado pelos pobres que aqui vinham. Historicamente, um país que teve dificuldades, mas que por benefícios portugueses, por benefícios espanhóis, por benefícios de partidos que fizeram muito pouco por esse país, desde cafeicultores, até aos políticos atuais, por tempo demais. Por tentativas e mais tentativas de benefícios que assolam a nossa sociedade, onde a própria sociedade, é quem concorre nas eleições... São reflexo. Um povo que não busca saber, mas acusar. Um povo que luta sentado pela igualdade das mulheres, pela descriminalização, pelas tarifas altas de passagens de ônibus, pelo corte das árvores históricas. Luta sentado pelo direito a uma televisão de qualidade aos domingos, pra que o Faustão molde e apresente a Dança dos Famosos, pra que as "tchutchucas" do funk apareçam de sainha, para que o Carnaval continue sendo assim, "desseguro, mas não pra mim!" Cuidar do outro é uma necessidade tão desimportante quanto a lei Maria da Penha votada no Congresso Nacional. Não queremos que as cotas sejam uma realidade, queremos que daqui vinte anos tenhamos gente pensando diferente, e sabendo, que foram quinhentos anos de não-igualdade com os negros, e sim, pela cor da pele. Pobreza é sinônimo, mas mesmo o negro rico, esteve afastado de seus direitos, teve na sua cor da pele dúvidas de quem era, sofreu sim quinhentos anos de descriminação nesse país, mas aquilo que falávamos, se for pra melhor existir e benefícios ter, não é mesmo? Muitos brancos não veem assim, têm a facilidade vista nesses últimos anos de um governo que busca unicamente o nosso bem-estar, e muitos negros acham que foi ontem que esse país foi descoberto e esquecem aquilo que seus antepassados viveram.

11 abril 2013

"Canto-te"

Não quero dizer,
Nem ouvir,

Prefiro manter as minhas certezas!

Não quero perder horas conversando,
Ouvindo,
Cantando.

Não se bate em uma mulher
Nem com uma flor?

As carícias,
Delas cheiros,
Resplendor.

Justa,

É a forma,
De uma justiça sem temor!

Quero ganhar horas conversando,
Ouvindo,
Cantando.

Tocando, sentindo.

Por horas e mais horas.
Dias e mais dias.
Sorrisos e mais sorrisos!

Dou-te o meu mais belo
E sincero,

Dou-te meu amor.

07 abril 2013

Cláusula

Era escuro e frio, sua cabeça doía. Na manhã seguinte Wágner banalizava a situação, mas sentia provável merecimento do ocorrido. Em resumo, quatro doses de cachaça, meia-dúzia de cervejas, diálogo como se conhecessem Rebeca, a moça com quem foi se encontrar naquele dia no bar do Mendes. Wágner foi quem introduziu o assunto de talvez estar apaixonado, mas que certamente, ela merecia alguém melhor do que ele; que tinha conhecido uma amiga dela naquela noite, que tinha o mesmo nome de Rebeca. Eram três caras que falavam de Rebeca abertamente, com despudor, desrespeito, com "tiradinhas" a seu respeito. Wágner pede para que parem com a falácia, eles continuam. Wágner então os manda parar. Vê então que eles se espalham a seu redor, mas talvez pelo álcool ingerido, não sente medo, sente raiva, falta de respeito com Rebeca, respira fundo. Agora não teria outra saída, apanha e bate sem pestanejar. Eram os três e ele, dá dois ou três socos, se defende, toma um soco forte, dá outro no mesmo cara, e aí, que um dos caras junta um galho grande em meio àquela situação e pega Wágner de costas, batendo duas vezes, uma nas costas, outra em seu pescoço. Sangue, desvia de leve, e tenta uma forma de reação, toma mais um soco e cai. Um deles vem para cima de Wágner, os outros dois ainda têm talvez uma dose de culpa, mas aquele não, ele irá continuar, Wágner caído lhe faz perder a cabeça, quando aparentemente sem forças, o aponta o dedo e diz:

- Não fale dela nunca mais!

Esse vai então contra Wágner ainda caído, batendo na cabeça, depois o chuta. Os três comemoram, juntam-se a suas companheiras que estavam observando tudo aquilo.
Um homem o ajuda a se levantar, sangue por todos os lados, o coloca no táxi, Wágner sorri como forma de agradecimento, não lembra do porque estava deitado, nem o porquê de tanto sangue a uma quadra de distancia do bar. Chega em casa, sem preocupação, paga o táxi, fuma um cigarro, cumprimenta o porteiro e vai para o seu respectivo andar. Abre a porta, tira as calças, a camisa ensanguentada, os tênis, lava o rosto, escova os dentes muito doloridos; sorri por coisas que talvez não possam ser explicadas, mas sorri... 
E dorme.

02 abril 2013

MPB

Cavaco,
Chorinho,

Serenata de amor.

Ao pé,
Da sacada.

Nem nunca foi
Um grande amor.

Pensa ele...

E chora,
Baixinho,

No rodapé.

Se cala,
Descansa.

De um desamor desvairado.

Entenda!

Sem cavaco,
Não há chorinho,

Chora pra mim!

29 março 2013

"O caminho


(...) Eu quero ela me dizendo que sou tudo pra ela.
Eu quero ela me dizendo que sou tudo.
Eu quero ela me dizendo que sou.
Eu quero ela me dizendo.
Eu quero ela.
Eu quero.
Eu."

- Alessandra Terribili

27 março 2013

Crônicas silvestres


Um homem, acorda sempre por volta das sete e meia, oito horas. Tem por volta dos seus trinta e cinco, quarenta anos, lê regularmente, não fuma, nem gosta muito de futebol, pensa que o esporte é pra fazer bem para as pessoas e que o futebol é pouco contemplado e muito violento, introduz seus pensares em seu trabalho, seu descrente momento familiar e em sua relação afetiva, namoram a pouco mais de sete anos, viajaram juntos pela primeira vez no primeiro aniversário de namoro, foram para Santa Catarina, na mais bela praia de lá. Leram, jogaram cartas, escutaram música, lavaram a louça juntos, como sempre fizeram naquela viagem, transaram e foram dormir. Na manhã seguinte, acordaram e foram passear, ficaram muito bem, apesar de conversarem pouco, ambos eram pessoas legais e bem humoradas, levavam a vida de um jeito bom e agradável.
Seus nomes eram Wágner e Fátima.

- Hoje, domingo, espero que seja um dia muito bom.

Disse Wágner ao acordar, se levanta e, como sempre, olha o quadro em seu quarto, em frente à cama, muito bem desenhado, vistoso, uma mulher numa provável cama, onde deve ter passado a noite, com os cabelos aparentemente molhados, onde, na cena, só se vê uma espécie de lençol, haja visto por vê-la, de costas, sentada num preto que ganha tons, nas dobras que a imagem reproduz. Tão abnegado, acorda feliz, vendo o seu belo quadro, pensando, aéreo. Quando toca a própria mão esquerda e a sente de forma estranha, diferente, ele olha bem e sente uma espécie de dormência, nos dedos todos, examina bem, vê o que parecia uma mordida, pequena, talvez de um inseto, bactérias, e impressionantemente não sente dor. Sente uma leveza, perde o tato nos dedos todos. Pensa no que fazer, em qual médico consultar, mas hoje é domingo! Wágner se sente só. Provável enfermidade. E sozinho. Num domingo. Levanta, olha desconhecendo, mas ainda apavorado. Chora. Vai ao banheiro, lava o rosto, escova os dentes, sente na mão uma "falta de sentimentos", uma "timidez". Não sente fome. Wágner pesa entre noventa e noventa e cinco quilos, sente uma falta de sentires, assim como a própria mão. Pensa em ligar para algum dos familiares, mas eles não andam numa fase muito boa, desde que souberam que ele não teria filhos, fez por opção, de forma segura, uma vasectomia. Sem amparos, toma banho, ainda triste. Sai do banho, lê o jornal, não tem fome, nem vontade de sair, liga a televisão. Toma um copo de água. Desce e vai comprar um cigarro. É um misto de dúvida com a própria imaginação de Wágner. "O que será isso?" Pensa ele enquanto assiste, desorientado. Com medo, sem fome, com vontades inimagináveis. Passam-se algumas horas. Ele pensa. Por que não casou? Ou não foi namorado de Gabriela, aquela linda, charmosa e extravagante mulher que ele conheceu a sete anos atrás. Era dela que gostava quando conheceu Fátima. Ou por que não teve aquele cachorro que ganhou e nunca buscou? Por que não fala mais com seu pai? Pensou por minutos e decidiu. Começará a fazer um melhor dia, o dia de amanhã. Pegou seu whisky, serviu, viu que já passava das três da tarde. Ficou o dia inteiro analisando uma forma de que se aquilo fosse mortal, afinal sua mão estava fria, descolorida, trêmula e indolor. Ele pega um caderno, uma caneta e senta-se na cama, de frente para aquele quadro. Observa. Começa a escrever da sua infância, o nome das dezessete mulheres que já beijo, das quatorze que teve relações sexuais, escreve uma carta ao seu pai, chora. Talvez devesse ligar para Fátima e contar o que estava acontecendo. Mas Wágner não sabia exatamente o que dizer. Olha paro o quadro, pra janela, sente que talvez não faça diferença na vida de mais ninguém. Decide escrever sobre aquele quadro, diz que aquele quadro tem quatro defeitos, os seios caídos demais, o pé direito mal desenhado, a linha como se fosse a do cabelo, quando se encontra com as costas, e o número de circunferências desenhado daquilo que ele imaginava serem luzes na pintura. Escreve como se mais pessoas fossem ler aquela folha de caderno velho. Vai ver o pôr-do-sol da sua sacada, nem lembrava mais como era isso, fez isso nos primeiros anos em que morava ali, agora não mais. Fuma outro cigarro, sente-se tão mais vivo enquanto agora poderia enfermo estar. Nesse lindo fim de tarde, como poderia ele estar assim. Falou com ele mesmo, coisa que ele nem lembrava mais como era, riu. Advogados, ele e seu irmão eram bons amigos na época de faculdade, mas como Wágner é um ano mais velho, terminou a graduação antes. Sentiu saudade da época que ia com o irmão, Wilson, beber e rir, por horas. Sem programar aquilo, era assim. Lembrou então de Wilma, sua irmã mais velha, com ela era geniosa e interesseira, riu. Era o momento mais triste em que Wágner sentia-se feliz, inexplicavelmente. Já eram por volta das nove horas. Foi então que quis subir no prédio, na cobertura, coisas que nunca tinha feito. Ficou surpreso ao ver que tinha piscina lá em cima, o céu estava limpo, estrelas e a lua-nascente, ela mais parecia um risco, leveza e beleza. Entrou na piscina. Um mergulho rápido como forma de apresentação. Voltou para o seu apartamento, ligou para o seu irmão, nem contou, afinal, não sabia de nada. Saudoso ouviu em silêncio o irmão falando, depois Wilson perguntou se ele ainda estava ali, e ele riu, e falou: 

- Irmão, somos aquilo que queríamos ser?

Wilson espera, parece pensar, e responde:

- Acho que me tornei um pouco daquilo que não queria me tornar, mas vivo!

Ele ri. Wágner não surpreende-se com a resposta, talvez antes de hoje surpreenderia-se, mas não depois de um dia assim "tão vivo", sem conviver com mais ninguém, esteve só, não conversou, só com o irmão, agora. Ele não falou com mais ninguém e teve o dia mais ascendente que já teve. Pavor e vivência.
Se despediram, falaram por cerca de quatro minutos, e parecia ter feito mais sentido do que a vida toda que eles estavam vivendo. Amorosamente, os programas que faz, o afastamento do irmão, o que sentia e esqueceu de como era sentir.
Desligou e recolheu-se, precisava de um sono... Estava desperto, não comia nada há vinte e quatro horas.
Triste, mas vivo. 
Dormiu.

21 março 2013

Relva


Seria como uma selva, 
Imagine...

Tem mar,
Dessalgado,
Marzão.

Um mar quente de fim de tarde,
Indeterminável.
E uma praia.
Um lugar, 
"Marinheiro",
Com aquele jeito de ficar.

Que tenha ondas,
Mas que ao fundo,
Se possa nadar.

Nem frio,
Nem quente,

Nem ausente,
Nem presente,

Ao som de Led,
Beatles, Pink Floyd,
Zeca Baleiro e Chico,
Mumford, Adele,
A Banda Mais Bonita da Cidade,
Talvez Caetano.

Ao som do tambor,
Ou sem som algum.
...

Tocar ao menos os pés no mar,
Ao som do vazio,
Uma espécie de toque,
Talvez no estômago,
Talvez nas costas,
O mar.

14 março 2013

Aos que escrevem perdidamente, num dia de chuva, em altos e baixos, homens ou mulheres de coração transparente (infelizmente hahaha). 

14 de março, Dia da Poesia.

Veremos os dias de virão, sem pobre achando que é rico, rico achando que é pobre, sem descriminação, não valorizemos por quanto se ganha, mas pelo que se é realmente... Será uma determinação palpável, uma demonstração de que: "o dia, só é dia, quando amanhece". 

Aos leitores, muito obrigado. Valeu muito, galera, parabéns à poesia!

08 março 2013

Vou pôr aqui pra dar moral pro blog.

Consertar é com "s", mas existe com "c" também, coloquei com objetivo de realmente concertar. Hahaha

Simplório

Numa margem devassa de sentimentos abnegados, desconfundidos, assocializados, descrentes, nos fazemos uma pergunta, uma só. Será que o corte de cabelo dela ficou interessante? Confiro em mim o desalojar de um prospecto plano de querer enfatizar ou desfazer dos marfins de como gosto quando ela adverbia insipidamente. Mesmo sabendo, da "gesticularidade" de suas formas de gritar (hahahaha), unicamente, foi de não ter uma forma exata de descrição. Não sei, não sei do seu corte de cabelo, nem se anda pintando as unhas, ou lendo o jornal, se gostaria da minha barba, ela está a maior que já deixei, "keep calm, and não faça a barba" (o/). Não sei nem se ela entenderia a enfática proporção daquilo que me fez percebê-la. Até vossa maneira dócil de sentar no colo; ou sua maneira frígida de ficar perto; ou assim, desmistificadamente, como ela ficava "sexy", reclamando das coisas; gesticulando, ao falar; ela nem sabe, mas não é pra ela que escrevo, é pra mim, sim, pode ser sobre ela, mas é pra mim que escrevo!; e eu pensando: orgulho, orgulho, orgulho! Ideia maluca justificada, depois de uns baixos, bem baixos, e de uns altos, pouco altos. Mas reclamar é para os fracos! Não importa. Passou. E esses altos, pensando bem, nem foram tão pouco altos assim... 
Falemos de um problema real. Pense sempre, o bom é que posso me desfazer de pessoas, pobres daqueles que enxergam como amigos, ou têm qualquer parentesco, com gente ruim, os ruins existem aos montes, olha a presidência do Senado aí, ou talvez o da Comissão de Direitos Humanos, gente sem escrúpulos, mas com dinheiro. Essa talvez seja a ideia de mundo, sacaneie mais, ganhe mais! "São tão, mas tão pobres, que só têm dinheiro." "No duro, meu," o povo não cansa de gente cortando as árvores de uma cidade? Desmoralizando a parcela da sociedade que mais os dá aquilo pelo qual lutam, o seu voto? Pseudo-políticos de uma sociedade vazia, sem escrúpulos, de trinta anos pra cima, nosso maior achado, é achar, que essa próxima geração, será de políticos realmente honestos, não só devastadores, pela causa do bolso próprio. A atribuição: ser honesto, é uma espécie de pleonasmo, ele te representa, vote consciente! Políticos representam a sociedade em que estão atribuídos, ainda mais num país como o Brasil. Votemos na história, no grupo que representa, não unicamente em uma pessoa, ele não trabalhará sozinha. Sejamos conscientes que um prefeito que põe abaixo as nossas árvores, não tem mais espaço na nossa ideia de política estrutural de uma cidade, quem dirá de um estado, ou de um país. Vergonha!

26 fevereiro 2013

Exatidão


Pouco. Muito. Já escrevi-escrevi sobre muitas coisas, mas não sobre definições.
Pouco é uma palavra adjetiva, mas tende-se a achar que qualquer coisa pouca é pouco. E se fosse pouco amor? Poucas palavras, poucas vezes, poucas opções, demonstração, pouca exatidão...
Pouco nem sempre é pouco. Poucos realmente se importam, isso não é pouco. Muitos falam muitas coisas, mesmo sem saber, ou por acharem que sabem. Pouca mentira, pouca omissão, será isso pouco também? Tudo bem, convenhamos que pouca atenção, ou pouco carinho ainda seja pouco, mas que nem sempre pouco seja pouca coisa. Falar que se deu pouco, bebe pouco, ou transa pouco, fatidicamente, isso é pouco. Assim como, muito respeito, muita saudade, muita compreensão, seja muito, mas podres daqueles que querem entender os nossos poucos ou muitos. São sensações de muito, mesmo sendo pouco, e de pouco, mesmo sendo muito, são sentimentos próprios, mas se sente sobre esses determinados sentires. Então, descrevê-los não seria de fácil assimilação pros demais, talvez nem a percepção pode-se dizer, talvez só ela. Uma espécie de definição abstrata, relativizada, sem coordenação, ou explicação, não se sabe explicar, jamais definir. Tão surpreendente, tão diferente, ou comumente, indefinidamente, não seria pragmatismo dizer, ou talvez um impulso, desordenado, verdadeiro, singular, uma verdade sem definição comum, prolixa, adverbial. Depois de tantos possíveis talvezes, de poucas definições, de muitas dúvidas, concluo que não há sentido nem mesmo na exatidão, ou na definição, até mesmo na crueldade, ou na bondade. Acredita-se porque acredita-se, senti-se porque se sente, nem tudo o que transparece, é, nem tudo o que é, transparece ser. A gente se guarda, sabiamente, muitas vezes, e nas vezes em que se procura um significado, que certeza seria essa, entende? Muito nem sempre é tanto quanto nós gostaríamos, pouco nem sempre é o pouco que negaríamos, tudo conspira quando for aquela pessoa que tu realmente quiser, Anitelli dizia: "os opostos se distraem, os dispostos se atraem", mas talvez se a oposição fosse uma forma nem tão "pouca", e se a disposição não fosse uma forma nem tão "muita", o que quero referenciar é uma que, seja qual for a forma de definição, ela nunca será exata. A definição comum dá uma ideia, mas não concretiza a total transparência, a profundidade, ou a assiduidade, de um fato pra cada ser, cada um contará uma história, com meios diferentes, com diferentes adjetivos, advérbios. A história nunca, nunca é a mesma, depende de quem a escreve, de quem a diz, de quem a vive, de quem a define.

20 fevereiro 2013

"Descomum"; incomum, desnaturado


Foi assim. Sem festa, pulos ou bandolim. Só a dose da bebida mais forte, repercussões, cigarros e jardins. Foi assim.

Ela nem viu o pôr-do-sol; nem deixamos os pratos à mesa num jantar sem fim; nem tomamos café-da-manhã falando do Bertoglio, de Shakespeare, Teatro Mágico, ou de nossas crenças religiosas; nem pude quebrar os pratos lavando louça; nem trocar lâmpadas; nem sequer tomamos banho juntos; nem pude falar que sinaleira, é sinal; nem que sarjeta, é meio-fio; nem que baita, é grande; ou que pila, é reais; nem olhei com ela um jogo de handebol internacional para mostra-lá porque é o melhor esporte; gostei quando ela elogiou minha barba; ou quando disse que todos elogiam seus olhos (não tive tempo de desgostar); mas gostava mesmo da sua indelicadeza, imoralidade, desinteresse, era assim que reagia àquilo que não merecia sua atenção; não sabia como parecer distinto nesse ponto, então elogiei sua boca; ela sorriu, sempre sorria quando não queria ser indelicada, ou quando realmente gostava de algo; mas não era um sorriso comum, era um jeito singular de sorrir; me impressiono com poucas coisas, com o tempo, com a maturidade, com o jeito próprio da fala, com o tapa sem usar as mãos, em como xinga, perdidamente; mas antes de tudo, de saber ouvir, da atenção que sabia receber, na forma de atenção que dava...

As pessoas não têm em mente como é imaginar uma situação que já passou, e respeitar, aquela que pode nunca vir, seria um passado que não passou, e um futuro que tu nem sabe se virá. 

Foi não, é. É assim.

18 fevereiro 2013

Realidade paralela?

As pessoas são tão depreciativas em alguns aspectos, têm suas ideias, limitações, erros, acertos, e é assim, erraremos, acertaremos, ajudaremos, seremos ajudados, a vida é assim. Divergir é crescer, quando expõe-se com maturidade, com assimilação real do fato, quando se respeita a opinião do outro, mas às vezes, muitas vezes, elas subestimam e acham-se donas da verdade, como se estivéssemos num mundo onde as certezas não fossem plurais, tudo muda, caros amigos, tudo. Até a lei da relatividade, de Einstein, que fala que a velocidade da luz é a maior velocidade atingível, anda em dúvida, Neutrinos e sei lá mais o quê. Talvez, se fossemos mais humanos, humanos mesmo, com o perdão do pleonasmo, mas se tivemos em mente a existência com mais respeito, aceitando mais nossos erros. Lembrem-se: "errar é humano", o objetivo não é deixar de errar, mas aprender e respeitar os nossos erros, e antes de tudo, se "humanizar". Será mesmo que podemos não nos transformar em seres tão desprezíveis, interesseiros e "desumanos"? Sentar, ver o pôr-do-sol; caminhar pela companhia que ali está; não rezar só, rezar não nos faz mais humanos! Rezar é nobre, pra alguns, pra aqueles que querem ser "celestiais", mas qual o sentido de quem acredita realmente numa determinada religião? E o outro, que acredita em outra, vai pro "inferno"? Ou qual o nome que vocês dão? Entendam, o céu não tem fronteiras, descriminação, ele é aqui, é aqui que precisamos realmente nos "humanizar", nos reconhecer, libertar. O mundo não é dividido, ele é aglomerado, aglomerável, palpável, de aprender, independentemente da idade, crença, sexo ou cor. Fazemos desse um lugar digno de medo, talvez, se os religiosos pensassem realmente, o céu deveria ser aqui, se fizessem tudo o que realmente pudessem fazer, se fizessem diferença pra alguém além de si próprios. E sim, também aos familiares, é um mesmo universo... Será mesmo que só eu me envergonhe e pense que até mesmo uma barata é mais "limpa" do que nós? O ser humano é abominável quando se "é de outra religião", a ideia deveria ser aglomerar pessoas, não afastar-se delas, ou elas de ti. É um misto de susto com medo, de ter me tornado um ser assim tão mesquinho, interesseiro, frio, pobre de conceitos, vazio, assim como vocês. 
E sinceramente, é uma triste realidade, não pensem em quantos vocês não prejudicaram hoje, mas pensem pra quantos vocês fizeram o bem, fizeram diferença na vida e na passagem pela vida dessas pessoas. Ser humano, lembra? Ser, não porque é, mas porque, definitivamente, foi percebido assim! Sentido, visto, querido, dessa forma. Não quero ter alguma coisa, pobre dos meus filhos, sinceramente, mas quero ser, de fato, ser alguém que me faça realmente feliz por ser quem sou. 
Abstrato, não?

14 fevereiro 2013

Nem todas foram Lolitas

Nem todas são.

Algumas veem graça no mais simples, se entregam, vivem, se apaixonam; se entregam, tudo; a quem realmente as faz sentirem-se únicas, como realmente são...

A mentira assusta, por não incomodar seu proclamador. Mentir sem se importar ou omitir, mesmo se importando, sendo que todo o colapso é interno, reflete mais além, todos saberão, no futuro, quem realmente foi quem. A paciência é uma virtude, mas a sinceridade e o caráter, a maior delas. 

Não seria assustador saber que tudo aquilo que vivemos foi uma mentira?

O mundo é duro, frio, vasto, pobre, faça dele não só um lugar de maior riqueza, ou de maior moleza, mas sim de maior profundidade, calor; um lugar onde os teus atos falarão por ti, serão a síntese da tua existência... Um ser vazio, é um ser sem história; e um ser ser história, é ser feito de mentiras, sendo elas boas ou ruins, afinal, elas nunca realmente foram, só fingiram ser. 

Verdadeiras, pessoas assim são dignas do respeito mais "respeitável", do riso mais "risonho", do abraço mais "abraçante", de sinceridade, de novidade, de saudade. Pessoas assim, são tão raras, que muitas mentem tentando parecer que são, até enganam alguns, mas os fortes ficam. 

O tempo diz.

08 fevereiro 2013

"Polidicção"

Falar, ler, pensar, escrever;
Ver, rever; sentir, digerir.
Pensar sobre o pensado, repensar. Ver o que foi visto, rever.
A vida é uma troca de experiências, de sensações, de novidades, de pessoas que sempre serão uma espécie de "pega-pega" de coisas novas, masque muitas vezes, esquecem de si.
Se o acaso permitisse acasos, seria tão mais "acasiante", tão mais cheio de surpresas, o mundo em que vivemos, não sei se os que programam as coisas, de maneira "tão programada", teriam as menções de que na vida, tudo pode dar certo, tudo pode não dar, e isso não depende da programação que você estabeleceu.
A forma como as coisas acontecem, a forma como vão-e-vem, vem-e-vão, a forma nem sempre é clássica, sem sempre é preto-no-branco, mensurável, determinável. "Só sei que nada sei", dizia o Sócrates, procurando sempre pelo saber, não determinando as formas do saber, não dizendo como tudo vai ou não ser, vamos aprender a sorrir sem que seja pensado, a ver o pôr-do-sol, a lua-cheia, a pular na chuva, a respeitar o sol... Somos pequenos, ínfimos, olhem bem o tamanho do nosso planeta, depois disso, da galáxia, depois disso, das galáxias todas, somos tão pequenos, que nada sabemos...


Talvez


Talvez eu devesse não me importar,
Talvez ela só vá se irritar,
Como ela sempre faz.

Talvez nem goste de saber da falta que me faz,

Talvez nem tenha sido paixão,
Mas foi tesão.

Ou talvez tenha só começado assim,

Começado, estado, ficado.
Ou será o fim?

Porque sim,

Me encantei sem exatidão,
Se ela tivesse (re)surgido de outra forma,
Não seria "tão-tão", entende?

Eu talvez, talvez, 

Teria, riria, iria, faria, conseguiria, viveria...
Mas sem os "ia" todos,
Talvez teria sido essa, a maior falta que já senti.