20 fevereiro 2013

"Descomum"; incomum, desnaturado


Foi assim. Sem festa, pulos ou bandolim. Só a dose da bebida mais forte, repercussões, cigarros e jardins. Foi assim.

Ela nem viu o pôr-do-sol; nem deixamos os pratos à mesa num jantar sem fim; nem tomamos café-da-manhã falando do Bertoglio, de Shakespeare, Teatro Mágico, ou de nossas crenças religiosas; nem pude quebrar os pratos lavando louça; nem trocar lâmpadas; nem sequer tomamos banho juntos; nem pude falar que sinaleira, é sinal; nem que sarjeta, é meio-fio; nem que baita, é grande; ou que pila, é reais; nem olhei com ela um jogo de handebol internacional para mostra-lá porque é o melhor esporte; gostei quando ela elogiou minha barba; ou quando disse que todos elogiam seus olhos (não tive tempo de desgostar); mas gostava mesmo da sua indelicadeza, imoralidade, desinteresse, era assim que reagia àquilo que não merecia sua atenção; não sabia como parecer distinto nesse ponto, então elogiei sua boca; ela sorriu, sempre sorria quando não queria ser indelicada, ou quando realmente gostava de algo; mas não era um sorriso comum, era um jeito singular de sorrir; me impressiono com poucas coisas, com o tempo, com a maturidade, com o jeito próprio da fala, com o tapa sem usar as mãos, em como xinga, perdidamente; mas antes de tudo, de saber ouvir, da atenção que sabia receber, na forma de atenção que dava...

As pessoas não têm em mente como é imaginar uma situação que já passou, e respeitar, aquela que pode nunca vir, seria um passado que não passou, e um futuro que tu nem sabe se virá. 

Foi não, é. É assim.

18 fevereiro 2013

Realidade paralela?

As pessoas são tão depreciativas em alguns aspectos, têm suas ideias, limitações, erros, acertos, e é assim, erraremos, acertaremos, ajudaremos, seremos ajudados, a vida é assim. Divergir é crescer, quando expõe-se com maturidade, com assimilação real do fato, quando se respeita a opinião do outro, mas às vezes, muitas vezes, elas subestimam e acham-se donas da verdade, como se estivéssemos num mundo onde as certezas não fossem plurais, tudo muda, caros amigos, tudo. Até a lei da relatividade, de Einstein, que fala que a velocidade da luz é a maior velocidade atingível, anda em dúvida, Neutrinos e sei lá mais o quê. Talvez, se fossemos mais humanos, humanos mesmo, com o perdão do pleonasmo, mas se tivemos em mente a existência com mais respeito, aceitando mais nossos erros. Lembrem-se: "errar é humano", o objetivo não é deixar de errar, mas aprender e respeitar os nossos erros, e antes de tudo, se "humanizar". Será mesmo que podemos não nos transformar em seres tão desprezíveis, interesseiros e "desumanos"? Sentar, ver o pôr-do-sol; caminhar pela companhia que ali está; não rezar só, rezar não nos faz mais humanos! Rezar é nobre, pra alguns, pra aqueles que querem ser "celestiais", mas qual o sentido de quem acredita realmente numa determinada religião? E o outro, que acredita em outra, vai pro "inferno"? Ou qual o nome que vocês dão? Entendam, o céu não tem fronteiras, descriminação, ele é aqui, é aqui que precisamos realmente nos "humanizar", nos reconhecer, libertar. O mundo não é dividido, ele é aglomerado, aglomerável, palpável, de aprender, independentemente da idade, crença, sexo ou cor. Fazemos desse um lugar digno de medo, talvez, se os religiosos pensassem realmente, o céu deveria ser aqui, se fizessem tudo o que realmente pudessem fazer, se fizessem diferença pra alguém além de si próprios. E sim, também aos familiares, é um mesmo universo... Será mesmo que só eu me envergonhe e pense que até mesmo uma barata é mais "limpa" do que nós? O ser humano é abominável quando se "é de outra religião", a ideia deveria ser aglomerar pessoas, não afastar-se delas, ou elas de ti. É um misto de susto com medo, de ter me tornado um ser assim tão mesquinho, interesseiro, frio, pobre de conceitos, vazio, assim como vocês. 
E sinceramente, é uma triste realidade, não pensem em quantos vocês não prejudicaram hoje, mas pensem pra quantos vocês fizeram o bem, fizeram diferença na vida e na passagem pela vida dessas pessoas. Ser humano, lembra? Ser, não porque é, mas porque, definitivamente, foi percebido assim! Sentido, visto, querido, dessa forma. Não quero ter alguma coisa, pobre dos meus filhos, sinceramente, mas quero ser, de fato, ser alguém que me faça realmente feliz por ser quem sou. 
Abstrato, não?