08 janeiro 2015

Ele e ela.


  Ele lembrou-se daquilo o que passara em outros tempos e, por alguns segundos, teve saudade, talvez não tivesse um exato porquê, mas era exatamente aquilo, aquilo o que ele não sabia explicar. - Saudade do quê? Saudade por quê? 
   Duas e cinquenta e dois da manhã e ele mal lembrava do cheiro de outra pessoa além do dela... realmente não lembrava, e nem buscava lembrar, mas, porém, dentro dele, era falta o que ele sentia, só não entendia do quê, buscava e buscava, e não encontrava nada, absolutamente nada, dentro dos seus pensares. Será que ele perdeu algo? Deixou de deixar? Ou talvez não tenha visto. - Isso acontecia bastante com ele. - Medo do quê? Frágil por quê? Frieza afasta, de fato, mas atenção de mais estraga, não? Ele coçava a cabeça, e a sobrancelha, e o cabelo da nuca, e não entendia, por que disso agora? Lembrar-se é minimizar o presente, enaltecer o passado. Ele sabia de como ela pouco se importava com as pessoas. E ele sorria sobre isso. Ou de como não via a saudade dela. E ele sorria sobre isso também. Ele talvez tivesse realmente apaixonado por ela, ou talvez não. - Certamente estava, pensou. E sorria sobre isso, ainda mais. Deitou-se na cama, e ainda pensativo, dormiu. - Fez juras, das quais bem provavelmente ela nem lembraria, achou. E em seus sonhos, ele tinha a atenção dela, tinha a atenção dela como nunca tivera na vida real. Lembrar-se do sonho também pode ser uma espécie de pesadelo, mesmo quando o sonho foi bom.
   Viu que não tinha sol, olhou no relógio, quatro e vinte e um da manhã, era tarde. - Bem, talvez fosse tarde de mais pra que se resolvessem as questões de uma vida. Da vida que desejara. Ele remexeu-se na cama, abraçou o travesseiro, e sentou-se, pensativo: que graça tem a vida sem amor? e "amor" é em todos os sentidos, desde sentimento, até o ato em si. Que moralidade na maneira de pensar, pensa ele sobre si. Já quase hora de levantar, em outro pensamento. - Psicólogos analisam o comportamento coletivo, generalizam. Condenam as loucuras alheias, julgam, acham-se no direito disto, é fácil discriminar, pensa ele. - Sim, ela era psicóloga. Foi ao banho, quinze minutos depois saiu. Secou-se. Coçou a cabeça, na nuca, ela não saía mais da sua cabeça, como pode? Teve hoje duas horas de sono, sendo que até no sonho ela também estava... era pouco comum esse sentimento, ao menos para ele, e nesse pequeno espaço de tempo, ele não queria entender, não procurava respostas, procurava perguntas; porquê? Afinal, só tem-se respostas, para as perguntas derivadas, pensa ele. - E as faltas de iniciativa, sucumbem, com o tempo. Aprimorar-se seria ao fim, não ao caminhar; erra-se muito durante o percurso, não? Somos momentos, pensa ele.
   "Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu preciso do seu amor."

Nenhum comentário:

Postar um comentário